quarta-feira, 3 de agosto de 2016

As mãos da misericórdia: Senhor, salva-me!

Tendo iniciado o mês vocacional, a chave de leitura da liturgia talvez seja para nós a oportunidade de revisitar nosso coração, nossos anseios e configurar a vontade de Deus no trilhar de nossa caminhada, mediante a uma vocação que é Dele; a nós cabe uma resposta sincera e generosa.

Jeremias em sua profecia nos conduz hoje a perspectiva da esperança, um caminheiro que cumpre a vontade de Deus, e um Deus que docilmente nos ama, cumpre seu compromisso conosco. Não há abandono, não há esquecimento, há tempo e graça de Deus. Por nos conhecer e por nos amar sabe o momento certeiro de cumprir o que outrora prometera. 

É preciso que no âmago da vocação que é de Deus, estejamos dispostos à missão. Vejamos que quando já saciada a multidão o Cristo indica que os discípulos devem ir, e continuar a missão, tal a urgência do serviço, da entrega e da doação. Ele como Bom Pastor permanece com aqueles a quem se destinava a misericórdia do Pai. Aqui me recordo das palavras do Papa Francisco quando no número 31 da “Evangelli Gaudium” se dirige aos bispos convidando-os a se colocar a frente do povo para indicar-lhes o caminho, a manterem-se no meio do povo para evidenciar sua proximidade simples e misericordiosa e ainda caminhar atrás do povo para ajudar os que se atrasam, ora não é exatamente essa a atitude do próprio Cristo, vai ao encontro da necessidade do seu povo.

E Ele também vai ao encontro dos discípulos que estavam na barca e possuíam medos e preocupações e sussurra tranquilamente “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo”. Exatamente assim, que esse mesmo Cristo, ao olhar para a realidade de nossa caminhada, também nos envolve da sua presença e misericórdia, para que em nosso itinerário vocacional não nos deixemos afogar pelas intempéries da missão e do caminho, mas, sobretudo, ao sentir nossos pés afundando pela insegurança tenhamos a coragem de gritar “Senhor, salva-me”. 

Que ao perpassar nossa realidade vocacional, adentrando no itinerário dinâmico da formação, que de maneiras diversas a vida nos proporciona, tenhamos a perseverança de Jeremias para que, no tempo de Deus, colhamos os frutos imersos na esperança e dessa forma, mesmo diante as dificuldades e quedas, mesmo com todas as mazelas e misérias não nos detenhamos, mas sim, estendamos os nossos braços para sermos socorridos pelas mãos misericordiosas do Cristo.

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