sábado, 30 de julho de 2016

Nossa maior riqueza: nosso próximo!

A liturgia desse final de semana nos convida a encarar nossa realidade cristã frente aos desafios que assumimos face aos bens deste mundo, sobretudo no que se refere aos que vertiginosamente nos coloca na posição de escravos.

A primeira leitura é envolta de um pessimismo do autor sagrado, todavia com o olhar da fé somos interpelados por ele a nos percebermos no hoje da nossa história como construtores de um vazio que se preenche das futilidades e das vaidades. Quando ocupados e preocupados com os bens supérfluos não conseguimos nos atentar ao que realmente é válido em nossa caminhada cristã, afinal nossa atenção, o prisma de nosso olhar, esta calcado em acumular cada vez mais bens, e nos esquivamos de envolver com o revelar-se de Deus e o sussurrar de seus valores.
É justamente isso que o evangelista nos recorda na narrativa do Evangelho, diante de um pedido, um tanto quanto incoerente, Jesus se posiciona, e tateia repreensivamente o que verdadeiramente é válido, ou seja, tudo que nos convida insistentemente a sermos: mãos servis, dom total de si aos outros, entrega e doação incondicional.
Quando nos voltamos a um vazio existencial nos vemos buscando um acúmulo esdrúxulo de bens que não são necessários para nossa realidade cristã, nos portamos como loucos esgotando-nos em conquistas desvairadas e descabidas, ajuntando riquezas que não são necessárias para estar diante do Deus de Misericórdia.
Talvez devêssemos nos atentar do como podemos ser ricos diante de Deus, quais são as riquezas que devemos nos ocupar e o que elas representam na vida de cada um de nós cristãos. É interessante como nos saciamos com tão pouco, diante a magnitude e a grandeza de Deus, como que ansiamos por bens tão superficiais, quando temos a oportunidade de degustar da misericórdia de Deus, que sabe que o que temos a oferecer e é próprio nosso e de nossa existência, são nossas misérias e mazelas, e mesmo assim, vem ao nosso encontro, pois nos ama de forma gratuita e sincera.
Por isso São Paulo quando se dirige a comunidade dos Colossenses os convida a estar na constância do identificar-se com o Cristo, a nos libertar das amarras da escravidão terrestre e se lançar nas mãos de Deus para um “renascer” no Cristo, e a melhor forma de fazermos isso é assumir no âmago de nossa história os nossos compromissos batismais, afinal são eles que nos impulsionam na busca de bens espirituais que nos fazem ricos diante de Deus.
A vida quando pautada nos bens materiais é fadada ao fracasso, e fracassam todos aqueles que se tornam obcecados no sentido único de “ter”, e “ter” cada vez mais, ao invés de se voltar para o sentido único de “ser” e “ser” um com o outro, a quem somos chamados a servir; é preciso ter a consciência de que para ser rico de Deus precisamos nos preencher do nosso próximo e nos tranquilizar tal como o salmista, pois o "Senhor é um refúgio para nós".

Vasos? Quais vasos? Peixes? Quais peixes?

Os autores sagrados utilizam na liturgia de hoje figuras tão próximas de nós, que é impossível não nos encantarmos e emocionarmos com tamanha demonstração de amor e de cuidado. Adentrar a realidade do oleiro, como vaso de barro, ou ainda como peixes nas mãos do pescador é ter a capacidade de mergulhar no que Deus espera e quer de cada um de nós.

A temática do “se abandonar” tão recorrente nos últimos dias, hoje se torna ainda mais eloquente, quando podemos perceber na expressão singela e simples do homem o dedo de Deus que retoca, dá forma e formato, refaz e desfaz, molda pelo Amor e pela Misericórdia.
É tão significativo nos reconhecermos como vaso de barro nas mãos do Criador, é tão precioso nos percebermos como peixes, ora bons e ora ruins, para que assim recorramos no verdadeiro abandonar-se nas mãos que afagam, protegem, aquecem, cuidam, exortam, corrigem e lançam, no gesto tão doce, de entregar para a vida aquilo que criara, no desejo que estejamos sempre conectados pelo elo do Amor.

Imaginemos que hoje seja o último dia, o dia derradeiro, o final... o vaso já quase pronto e a rede sendo retirada do mar. Na mão do oleiro, a possibilidade de um belo vaso, ou ainda, o trincar e defeitos do que poderia ser um vaso... nas mãos do pescador uma rede cheia, repleta de peixes, uns bons, apetitosos, graúdos, outros ainda, com tamanhas deformações que o melhor a ser feito, é lança-los novamente ao mar. E nós como chegamos para este dia? Que vaso somos, ou ainda que peixe escolhemos ser?
É tempo favorável, é preciso se enxergar nessa realidade, e envolver-se pela Misericórdia de Deus, que insistentemente tem vindo ao nosso encontro, e por frações de segundo quer nos moldar para que não estejamos mergulhados no pecado e no sofrimento. Ser bom peixe ou vaso belo não é mérito nosso, mas é graça de Deus, que nos salva por nos amar gratuitamente, escolhemos a Ele, porque Ele nos escolheu por primeiro.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A arte de redescobrir o primeiro Amor!

A experiência de Jeremias no dia de hoje nos parece um profundo chamamento a pisar no chão de nossa realidade, a vivenciar um profundo encontro existencial, que mediante a um drama, a tantas dúvidas e inconstâncias, se vê em meio a uma verdadeira crise, existencial e vocacional. E Deus na sua infinita sabedoria lhe faz um singelo convite, e com certeza ela se estende de forma toda especial a cada um de nós, que talvez, no delinear de nossos dias nos vemos tão fragilizados como o profeta Jeremias – voltemos ao nosso primeiro Amor, a experiência do nosso primeiro encontro, e com aquilo que, de certa forma, se tornou a razão de nossa vocação e existência.

Vivenciar momentos de crises é permitir que nossa alegria do servir e do se doar seja roubada e ofuscada, é obscurecer o momento que dissemos sim e respondemos a um chamado de Deus, a vocação que é dele, que esta e sempre estará em suas mãos, daí a real necessidade do abandono e da confiança, que justamente Deus chama Jeremias a ter no momento de dificuldade, mesmo quando as coisas parecem não ter sentido, mesmo quando todos parecem ter nos dado as costas, mesmo quando as dores e sofrimentos são os nossos melhores companheiros, ainda sim, temos que perceber e sentir o colo de Deus Misericordioso a nos afagar e nos dar sustento para suportar e amar o que é próprio de nossa existência.

Aliás, a capacidade de suportar e amar o que é próprio de nossa vida é justamente passar pela experiência que o Cristo nos convida pelo evangelista Mateus, uma experiência do Cristo que nos faz despojar de tudo para conquistar a maior de todas as pérolas e o melhor de todo e qualquer tesouro. 
O Reino dos Céus é o que em Jesus temos de mais precioso, participar dele é privilégio incontestável, e extremamente gratificante para nós cristãos. É a alegria que é contida no amor do Cristo, encontra-la é saborear com docilidade o chamado de Deus, pois quem é chamado, quem se abre a escuta-lo e a senti-lo não fica inerte, mas se torna caminheiro em busca constante do que fora o primeiro Amor. 

Lograr por crises é próprio do nosso “ser humano”, no entanto permanecer nelas é esquecer e ignorar o que fora para nós o primeiro encontro, é lacrar as páginas de nossa vida com murmúrios, com o vitimismo e com dramatizações surreais, por isso a alegria do Cristo deve ser sempre o alimento de nossa caminhada, pois no momento de infortúnios, conseguimos, como num estalar de dedos, redescobrir a alegria que é própria de quem se põe a servir, alegria do Reino do Céus, afinal Ele é nosso refúgio no dia da aflição!

terça-feira, 26 de julho de 2016

Servir com a vida e não com devaneios ritualísticos e legalista!


Que alegria para todos nós cristãos celebrarmos a festa do Apóstolo São Tiago, mergulhando pela Sagrada Liturgia nos Mistério do Cristo e assim, abeirando-nos por meio do testemunho de fé e de martírio de Tiago, do sangue que nos faz participantes da morte do Cristo.
São Paulo, pela sua experiência, nos chama à atenção, pois traz no seu corpo, a morte de Jesus. E por essa experiência apostólica, de uma transmissão de sangue dos mártires que se dá sucessivamente, também somos nós chamados a nos entregarmos em martírio por aqueles que nos circundam, e tornarmo-nos conscientes de que também carregamos em nossa existência e em nosso corpo a morte de Cristo que nos leva a uma vivência diária do amor do Cristo por todos e cada um de nós.
E nos enganamos profundamente quando cremos que nossos devaneios ritualísticos e legalistas, nossas peripécias solenes e vazias nos fazem ainda mais próximos do Cristo, de Deus, ou ainda que todo nosso serviço, nossa doação ou nossos ministérios são garantias de um lugar especial ao lado do Pai Misericordioso. No Evangelho, Mateus recorda-nos que a garantia salvífica esta no ato de servir ao próximo, de uma entrega total pela vida dos que já não possuem mais voz, que tem suas mãos calejadas pelo tempo, as pernas já fracas pelas longas caminhadas e o cansaço já impregnado.
Olha que beleza no amor do Cristo, que vemos e vislumbramos no alto de uma cruz, no sangue que é derramado e no corpo que é entregue, e assim o é, por todos nós pecadores, que não merecemos tamanha disponibilidade sacrifical. Assumir a radicalidade do Evangelho, tal como Tiago, é abrir-se ao martírio e a oportunidade de ser bálsamo e faixas da misericórdia na vida dos nossos irmãos que estão envoltos pelas trevas.

Em Joaquim e Ana a manifestação do amor misericordioso do Pai!

Hoje celebramos São Joaquim e Santa Ana e pela liturgia somos convidados a olhar para as figuras do nosso antepassado, que de certa forma contribuíram, e muito, para que no hoje da nossa história fossemos resultado de uma equação generosa de doação e de vida.
Por isso, somos chamados a exercitar profunda gratidão a todos que são parte de nossa história e de nossa vida, e assim ao saborear a leitura do livro do Eclesiástico percebermos que eles merecem os mais puros e sinceros elogios. Precisamos ter a capacidade de reconhecer no dom de cada um o resultado do que somos hoje, é Deus quem concede a graça a nós de envolvermos desse nosso antepassado, sobretudo, não para sermos receptores de heranças materiais, mas para herdarmos o “sim” de cada um no chamado feito por Deus.
Talvez não sejam os melhores, mais foram estes que no livro de nossa vida foram inscritos para de uma forma ou de outra transmitirem a fé. Olhar portanto, para as figuras de Joaquim e Ana, é a oportunidade que temos de reverenciar os nossos pais e avós, rezarmos por eles e reconhecer a importância deles na nossa existência.
Vejamos a beleza do Evangelho de Mateus que hoje nos faz perceber a construção de uma história de confiança e de esperança, não construída por imagens, pela presença física, mas, sobretudo pela Palavra da Aliança, pelo povo de Deus. Os discípulos de Jesus vislumbram a realização da promessa e constroem gradativamente a fé pelo o que ouvem e pelo o que veem, tornam-se seguidores mediante o revelar-se de Deus, quantos foram os que não saborearam deste “revelar”, mas souberam ruminar o que Deus oferecera com confiança e amor.
Sabemos muito pouco sobre os pais da Virgem Maria, mas não precisamos ser grandes historiadores ou teólogos renomados para adentrarmos na beleza que certamente fora a vida de cada um deles, uma vida de silêncio e de oração, donde, pela eloquência fervorosa da fé, trouxeram ao mundo Maria Santíssima, aquela que carrega no ventre a misericórdia do Pai.
Hoje eles nos impulsionam na fé, e tal como foram escolhidos e abarcados pelo amor e pela misericórdia de Deus, estejamos também envoltos desta mesma certeza, de que somos nós abarcados pela presença de Deus, principalmente quando olhamos para nosso passado, e reconhecemos a nossa história.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Onde está o meu Senhor? “Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova [...] Tu estavas dentro de mim e eu fora" Flor de Magdala - "Maria"!

A liturgia de hoje nos da à singela oportunidade de olhar para a figura de uma mulher de fé “invejável”, e assim perpassar toda sua experiência com o Ressuscitado, adentrar ao seu encontro existencial que modificou sua vida e transformou seu agir.
A começar pelo Livro do Cântico dos Cânticos e salteando o Evangelho de João, podemos perceber florescer nessas páginas da Sagrada Escritura as mais belas flores como os mais diversos cheiros que perscruta nossa caminhada e nos convida a refletir, a meditar o Amor que cura e liberta por excelência.
No Cântico dos Cânticos percebemos que para encontrar o sentido em nossa vida é preciso percorrer o caminho, percorrer toda nossa existência, passar pelos “guardas” que estão nesse caminho, reconhece-los, identifica-los e trabalhar com cada um deles para que não nos impeçam de encontrar o amor de nossa vida – Deus; é preciso passar pela mesma experiência de Santo Agostinho: “Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! […] Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio. Tu estavas dentro de mim e eu fora [...] . Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…”
Fora justamente essa experiência que Maria Madalena fizera, ao encontrar o Cristo, muda sua vida, e passa a percorrer o caminho junto a Ele, até sua morte de Cruz, e como se já não bastasse volta ao túmulo de madrugada, como sentinela, inquieta, confusa, envolta das trevas da morte, mas com a luz da fé no coração. Percebe que a pedra tinha sido retirada, não entendia, apenas chorava, provavelmente buscando respostas, que logo viera, como flores a alegrar um jardim ou decorar um ambiente.
E que interessante perceber a figura de Jesus num primeiro momento como Jardineiro, porque no exercício da função, cuida das flores, revigora, da vida nova, mata a sede, e é exatamente assim, que Deus, no Cristo Ressuscitado, quer cuidar de nós como flores em seu jardim, consciente de que a beleza da flor ou da planta não esta somente no vicejo de suas folhagens e folhas, mas na raiz que sustenta.
Nesse cuidado é que ao ser interpelado, o tal Jardineiro, docilmente responde com a existência daquela mulher - “Maria” – e assim a faz num instante de segundo, olhar para dentro de si mesma e encontrar o seu Senhor. É nesse encontro, de cunho existencial, que a mulher de Magdala reconhece o Mestre e cumpre o que é de responsabilidade dela; anunciar as maravilhas de Deus a todos e em todos os lugares, sem medo, com coragem e astúcia.
É assim que Deus nos chama hoje e nos quer – como discípulos missionários – e o faz chamando-nos pelo nosso nome e convidando-nos ao encontro com a inteireza de nossa existência. Que a exemplo de Santa Maria Madalena abramo-nos a tal experiência e deixemos que o Cristo, jardineiro de nossa caminhada, regue-nos com seu amor e com sua misericórdia.

“A minh’alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água” (Sl 62, 2b)

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Procurando: Fonte de água viva, ou cisternas defeituosas?

Duras palavras hoje nos reserva a liturgia, e claro nos proporciona uma oportunidade ímpar de se envolver com os planos de Deus, sobretudo na perspectiva de escuta e acolhida, entrega e doação, confiança e abandono, ações, que nos últimos dias tem sido, incessantemente, trazidas ao nosso coração.
O profeta Jeremias tendo acolhido a vontade de Deus é chamado a anunciar e denunciar, tal como quisera os desígnios de Deus, sua vontade, suas palavras e sua recordação. Vejamos que Deus recorda, pela boca do profeta, aquilo que fora o início da viagem da libertação pelo deserto, como se registrasse a beleza do que fora vivido, para compreendermos ainda melhor, pensemos nos dias de hoje o tempo do noivado de muitos casais, ou ainda, os primeiros anos de matrimônio, uma experiência rica e de amor “aparentemente” infindável, todavia o decorrer dos anos leva-os a derradeira atitude de cavar cisternas defeituosas, o que era lindo se torna um verdadeiro horror, um deserto sem nenhum tipo de fonte de água. Assim é a vida de todos nós que, pela liberdade, escolhemos nos afastar de Deus, o deixamos de lado, um brinquedo em nossas mãos, que ora participa da brincadeira de nossa vida e ora é simplesmente deixado de lado. Como era bonito o amor de Deus para com seu povo, um amor de misericórdia que não cessava de dar recompensas, concede terra nova, uma nova vida, uma nova chance. Que pela boca dos profetas busca exortar o seu povo, e hoje a cada um de nós, para que voltemos o olhar a Ele, tal como no primeiro encontro, convidando-nos a uma experiência de fé sem precedentes; ele jamais desistiu de nós, somos nós que desistimos Dele.
E nossa atitude de desistência se mostra pelo nosso coração insensível que é incapaz de compreender os ensinamentos de Jesus, porque ouvimos com má vontade e fechamos nossos olhos, e dessa forma nosso coração, já infestado por tamanha podridão, se torna incapaz de adentrar a todo e qualquer mistério, se fecha a cura e a conversão. Quem se abre na inteireza de seu ser e de sua existência consegue compreender as parábolas do Mestre; agora quem se deixar envolver pela mesquinhez, pela soberba e pela solidão de uma vida, não é capaz de escutar a voz de Deus.
Atentemo-nos de que maneira estamos acolhendo a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus, como temos formado comunidade e como têm sido os nossos encontros com os pequeninos do Reino, pois temos, ainda que superficialmente, a noção de quem seja a fonte de água viva em nossa vida, o que não da para entender é o porquê preferimos cavar cisternas, buscar a lama, tornando-nos surdos e mudos, indiferentes ao amor misericordioso do Pai. Para quem muito foi dado, muito será cobrado, por isso, na liberdade de nossa escolha, saibamos dar a resposta de um verdadeiro consagrado, não pendurando no corpo apetrechos que simbolizem tal consagração, mas carregando no coração a marca da salvação.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Um chamado de Deus, uma resposta nossa! Uma consagração não de símbolos, mas de coração!

A beleza da liturgia nos propõe hoje a figura profética de Jeremias, e nos conduz a um mergulho no seio de sua vocação, não bastasse tamanho testemunho, exemplo de escuta e abandono, o evangelista Mateus nos convida a adentrar nos “segredos do reino” pelas parábolas, e assim podemos perceber os desígnios de Deus em nossa caminhada e vocação, um chamado Dele e uma resposta nossa!
Diante de elementos que vão sendo apresentados por Jeremias, somos chamados a atentar-se a nossa vocação, e como ela se desenvolve no hoje de nossa história, claro, mediante a abertura ao Santo Espírito, que de modo expressivo não se limita aos obstáculos que trazemos no bojo de nossa caminhada, pois nenhuma de nossas fraquezas são obstáculos para Deus, pois, em sua mão, todo e qualquer instrumento é útil, Ele não descarta e nem ignora nada, somente transforma, capacita e instrui a aqueles que confia determinada missão.
Por isso devemos com cuidado olhar para nossa inteireza e perceber à que somos chamados, o que devemos e podemos realizar a nós, ao nosso próximo e a nossa comunidade. Muitos de nós brincamos com o que Deus concede, deturpamos a missão e biscateamos seus ensinamentos. Levamos no degringolar de nossa existência as futilidades desnecessárias para o anuncio do Reino, semeamos as sementes de olhos fechados, pois acreditamos ser Deus, boneco de ventríloquo em nossas mãos.
Um dia, um instrumento de Deus, viera e colocara em nosso coração uma semente, mas para que ela fecundasse contou com nossa participação, nossa ação, nossa oração! A semente que é lançada, não escolhe lugar, coração, terreno, pois as sementes de Deus, são para todos, não há distinção, não há diferença, afinal, todos nós somos chamados a salvação. Por isso ao olhar para a figura de Jeremias, que acolhe a vontade de Deus e se lança na missão, também nós devemos nos envolver de tamanha coragem e astúcia, com cuidado, com prudência e confiança. Nem todos nós acolhemos essa Palavra que cresce e frutifica, as vezes a evitamos, as vezes a deixamos de lado porque exige muito de nós, exige passos que não queremos dar, talvez seja mais fácil massagear o nosso ego com sentimentalismos, como “missas show”, com devoções sem pé nem cabeça, com ritos, com pompas, porque de uma certa forma isso revela o que carregamos no nosso coração, revela o mercado de consumo que resume a nossa fé e o nosso “ser cristão”.
Daí é que nos cabe parar e pensar qual é o terreno que estamos preparando para Deus, como está nosso coração, nossa vontade e nosso desejo diante do Deus que é misericórdia. Qual é a relação nossa com Deus? Tenhamos a certeza de que esse Deus respeita a nossa liberdade, nossa resposta, ele é paciente, é bondoso e compassivo.
Mas, se ainda nos colocarmos na posição de semeadores logo nos é dado um tanto bom de responsabilidades, porque no lavrar e no semear de todo cristão nós não podemos escolher pessoas e lugares, ali ou acolá, devemos semear a todos e em todos os lugares, sem medos e sem reservas afinal somos consagrados a Deus, separados de tudo e dedicados exclusivamente a Deus, e vale aqui salientar a importância da consagração, que não se limita a símbolos escravistas ou de significados pífios, que se externam de forma tão esdrúxula e soberba, não se resumem em um ato devocional ou de querência “cristã”, é muito mais do que isso, e requer de todo e qualquer consagrado atitude, postura e vivência cristã, não como maquiagem, mas como essência pra toda a vida.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A verdadeira espera, um profundo abandono na misericórdia de Deus!

Como é bonito presenciar a esperança na vida e na história de um povo, uma confiança que pela escuta da doce voz de Deus se ressoa humilde e sincera, estendendo-se aos confins da terra, pois, no hoje nos dinamiza na ação, na escuta e na oração. Mesmo diante das dificuldades encontradas e da desolação, o povo se volta a Deus incessantemente. Aqui temos novamente o abandonar-se na misericórdia de Deus, tema recorrente nesses últimos dias.
O Evangelista Mateus nos conduz justamente a essa escuta, quando pelas palavras de Jesus, salienta-se que quem escuta, acolhe e realiza a vontade do Pai se torna a família de Deus, uma irmandade que emana no berço da misericórdia do Pai, que é externada pelo seu amor a todos nós, que é acolhida também pela Virgem Maria, com seu singelo “sim” e o seu dispor como primeira discípula.
Deparamo-nos então com a fidelidade e com a misericórdia de Deus, nos regressos da Babilônia, pela confiança e pelo abandono a Ele, e no Cristo, donde se manifestou tal fidelidade e preciosa misericórdia, pela Cruz que nos deu e garantiu vida nova, é exatamente Nela que Deus mostra a sua bondade, expressada hoje pelo salmista. É na Cruz, na obediência do Filho, na entrega de Maria, na confiança dos exilados que borbulha a família de Deus, é na história do povo, na externalidade do amor do Pai que nos efetivamos como família, irmãos e irmãs, pois fora por cada um de nós que o sangue se derramou e corpo fora entregue.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Escute! Escuta, ouça o silêncio de Deus!

“A comunicação tem poder de criar pontes [...], comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento. Escutar é muito mais que ouvir [...], refere-se ao âmbito da comunicação e requer proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa [...], caminhar lado a lado.” (Papa Francisco – 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais)
Experimentar e “experenciar” a fé nos chama a atenção para nossa vida de cristãos, ou a mera tentativa de sê-lo, nos remonta as tantas dificuldades e salpica a nossa racionalidade da necessidade e urgência do exercício e da atitude da escuta. O profeta Miquéias ao evidenciar as interpelações de Deus convida-nos a justamente a essa atitude, de emprestar os nossos ouvidos e a inteireza de nosso ser aos que gritam o desespero, gemem como em dores de parto e carecem de uma escuta diferenciada, o escutar de Deus, o escutar de homens de Deus e não de homens de igreja, que se assoberbam ao legalismo, ao ritualismo e distorcem a misericórdia. E esta é uma escuta dinâmica que transforma quem fala e quem se põe a escutar, pois, é um passo fundamental para a solicitude com Deus, para estabelecer diálogo e proximidade com Ele, um “papear” que encaminha ao raciocínio – que preciosidade abarcar-se desse Deus que se coloca na atitude do pai terreno.
Quando nos colocamos na atitude da escuta, solícitos aos desígnios e ensinamentos de Deus, não precisamos de sinais que soem como garantia da verdade, mas trazemos para nossa vivência o exemplo de Jonas que “sepulta no ventre da baleia” tudo o que impede de escutar a voz de Deus e nos propõe a conversão, nos colocando em atitude de confiança, num acreditar plenamente na ação de Deus, de seu Santo Espírito.
Não nos deixemos afogar em um racionalismo religioso, de detenhamos a Palavra de Jesus e aos Mistérios de Deus que são verdadeiros sinais, afinal um sinal de Deus só se compreende a partir da fé, que não é uma equação lógica, mas sim a disponibilidade para acolher o dom de Deus, que tem um rosto e um nome – Jesus de Nazaré.

Mesa da Partilha! Chão da misericórdia!

Depois de uma semana intensa, quando convidados a nos dispormos como bons samaritanos na vida uns dos outros, inspirados e chamados incessantemente a nos abandonarmos nas mãos de Deus, confiantes no seu amor e na sua misericórdia, nesse final de semana que passou nos deparamos com figuras tão importantes para intensificar nossa vivência cristã.
Em Abraão encontramos um modelo de fé e de vida, e frente a uma experiência linda que o permite ser hospitaleiro e acolhedor, se coloca em estado sempre vigilante para não deixar com que falte nada aos que sentam a mesa e partilham da alegria da casa. Ora, três convidados ilustres, prefiguração da Santíssima Trindade, com quem o patriarca divide o que tem de melhor, seu tudo a quem nada precisaria. Diante de tamanha solicitude a notícia como sopro de Deus, que pela ternura da partilha, do entregar-se e do envolver-se anuncia o filho como recompensa do Deus misericordioso, que quis e formou comunidade com Abraão, que adentrou à sua história para transforma-la, e assim o faz pelo diálogo eloquente de quem ama.
Em Marta e Maria, um encontro também de cunho existencial, que transforma a partir da partilha, da experiência, da vigilância, da hospitalidade e da acolhida. E novamente no contexto da mesa e da casa cristã, somado as palavras de Jesus que como brisa suave, atesta-se a importância da Palavra na vida de todo e qualquer cristão, pois Ela orienta e norteia, e só a escuta quem se coloca aos pés do mestre, sentados, como Maria. É preciso preparar o ambiente, é preciso deixar o espaço necessário para que possa, o Cristo, adentrar e fazer morada, ou seja, transformar a vida e ensinar a Palavra, e assim, o exercício de Marta é de suma importância, todavia é preciso que mediante a possibilidade do encontro existencial, deixemos tal “espaço” sempre preparado, para que quando chegada a hora, simplesmente nos lancemos como Maria, na atitude de escuta e de verdadeira entrega.
Já Paulo nos lança a necessidade de ter como referência o próprio Cristo, colocando-se a serviço em uma atitude de samaritanos, que escuta e acolhe a Palavra, se converte e é capaz de anunciar aquilo que transformara a água de nossa medíocre vida no vinho de salvação, ainda que busquem ou tentem nos aprisionar, calar a nossa voz, silenciar o nosso anúncio, ainda sim, é preciso coragem, e mediante a força da unidade com toda a Igreja missionária apresentar o Cristo, bálsamo da misericórdia.

Na família de Nazaré, a vontade de Deus! Oh Virgem do Carmo – desejo de Deus!

Celebrar a festa da Virgem do Carmo é a oportunidade de perceber a sublime presença da mãe em nossa caminhada, em nossa vocação e em toda nossa vida. É perceber também em nós que o Poderoso faz e realiza maravilhas, e que sendo a primeira a ser chamada, a primeira a ofertar docilmente o “sim”, a que por primeiro acolheu a Palavra em sua vida, ela deve ser testemunho de fé para cada um de nós.
Na família de Nazaré, a vontade de Deus. A escolha da virgem do Carmo, o desejo de Deus! Tal como escolhera Maria para ser mãe e parte da família da humanidade, também nós que aceitamos a vontade de Deus somos chamados a sermos família de Jesus, a seguir os passos do mestre, a caminhar lado a lado com a doce mãe Maria, que nos indica e aponta o caminho, a verdade e a vida.
Rejubilem ó irmãos e irmãs de Cristo, rejubilem as mães, rejubilem todos os filhos diletos da doce Virgem, pois no meio de nós habita o Senhor. Deixemos que o nosso espírito se alegre também pela presença do Cristo, e que a exemplo da primeira discípula e de todos os leigos que acolheram a proposta de Deus em viver como eremitas no Monte Carmelo, dedicando dia e noite ao serviço de Jesus Cristo sob o patrocínio de Maria, também nós nos abandonemos nas mãos de Deus, confiantes de que auxiliados por Nossa Senhora do Carmo, possamos subir ao monte que é Cristo.

A liberdade do amor, a escravidão da lei!



Como é bonito ver o amor que liberta, que faz superar toda e qualquer expectativa mediante a uma espera ou até mesmo de uma sentença desoladora. É justamente isso que a confiança em Deus nos causa e nos proporciona, a liberdade no amor.
Uma liberdade que nos coloca em espírito de oração, confiante de que Deus inclina, generosamente, seu ouvido para “escutar”, na inteireza de nossa existência, o que nosso coração e nossa alma se põem a gritar, e mesmo que se silenciem, Ele tem a disposição em acolher o que tanto remoemos e ruminamos.
Deus não esquece daqueles que confiam n’Ele, se preciso for concede um tempo a mais para que possa realizar o que planejou. Não se prende a coisas pequenas e fúteis, mas supera a nossa querência e nossos “achismos”, vai para além da lei, não escraviza e tão pouco aterroriza os seus, o que faz, o faz por amor aos que se entregam e se abandonam em suas mãos.
Um amor que faz soar no choque entre Jesus e os especialistas da Lei, de uma religião libertadora e de uma religião legalista, um choque que faz resplandecer a certeza de que Deus, em Jesus, revela se interessado no bem estar dos homens, ao invés da observância da lei sacralizada, e isso porque o amor é prioritário, supera qualquer lei, e da a ela, não a sua insignificância, ou desprezo, porque de um todo deve ser observada, mas da novo sentido, aroma diferente, sabor inigualável, um verdadeiro bálsamo de misericórdia, porque não prende, não sacrifica, não escraviza, não desfigura, mas imprime amor, entrega, doação.
Quando estamos presos a ritos e as leis, o que vemos e encontramos é uma a Igreja fechada, com as portas já enferrujadas, as traças corroendo o sagrado e a naftalina tomando espaço como incenso. O legalismo escraviza os leigos e desfigura os pastores, nos faz servos doentes, com cara de velório e descoroçoados, nos impede de sorrir e mumifica o amor, atrofia a gentileza e torna-se veneno por nossos gestos fictícios e pelo vômito de nossas palavras vazias e sem sentido.
O que deve prevalecer em nossa vivência cristã é justamente a confiança em Deus, pois Ele é Misericórdia, é Ele quem dita às regras, não somos patrões de Deus e de sua graça, não somos condutores do Espírito Santo, não somos senhores de nós mesmos e dos outros, que a exemplo de Ezequias, nos abandonemos na confiança de Deus e abramo-nos à sua inteira vontade.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Confiando em Deus, amansando o coração!

O abandonar-se nas mãos de Deus, depositando toda confiança em sua misericórdia nos leva a angariar frutos saborosos em nossa vida, nos conduz a uma vida de oração e de louvor mediante a tudo que Ele nos oferece no hoje de nossa história.
Saber que podemos contar com Ele nos faz caminhar com passos ainda mais leve e suave, faz-nos despertos, renovados para que assumamos a nossa missão sem pestanejar. É com Ele que aprendemos todas as facetas da justiça, Ele nos conduz ao Cristo e nos ensina a “existencializar” no corpo entregue e sangue derramado, daí conseguimos externar de forma precisa o amor e o bem ao nosso próximo, tal como fizera o bom samaritano, que somente quando percebe sua existência em Deus é que se compadeceu do que sofria.
Não há outro caminho, não há outro lugar para que reclinemos nossa cabeça, para que descansemos nosso cansaço e para que aprendamos os passos do seguimento, se não no próprio Cristo e em seus ensinamentos, pois Ele mesmo diante de nossas mazelas nos concede a mansidão e a humildade de coração, pois sabe que somos pecadores, mas não desisti de nós, nos ama, nos abarca e nos quer próximos, Dele e uns dos outros. Talvez para que possamos glorificar a Deus e agradecer de forma tão serena o que ele generosamente nos concede tomemos durante nosso dia a oração que hoje o livro do profeta Isaías nos presenteia

O caminho do justo é reto, 
e tu ainda aplainas a estrada ao justo. 
Sim, no caminho dos teus juízos 
esperamos em ti, Senhor; 
para o teu nome e para a tua memória 
volta-se o nosso desejo. 
Quando vem a noite anseia por ti a minh'alma 
e com a força do espírito te procuro no meu íntimo. 
Quando brilharem na terra teus juízos, 
os habitantes do mundo aprenderão a ser justos. 
Senhor, hás de dar-nos a paz, 
como nos deste a mão em nossos trabalhos. 
Senhor, eles a ti recorreram na angústia; 
exageraram na superstição, 
e veio-lhes o teu castigo. 
Como a mulher grávida, ao aproximar-se o parto 
geme e chora em suas dores, 
assim nós, Senhor, em tua presença. 
Concebemos e sofremos dores de parto, 
e o que geramos foi vento. 
Não demos à terra frutos de salvação, 
não fizemos nascer habitantes para o mundo. 
Reviverão os teus mortos 
e se levantarão também os meus mortos. 
Despertai, cantai louvores, vós que jazeis no pó! 
Senhor, é orvalho de luz o teu orvalho, 
e a terra trará à luz os falecidos. 

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Sábios e entendidos; para os pobres pequeninos - buscando o Céu

A atitude de parar, pensar e refletir às vezes custa-nos um pouco, e sabe porque? Por corrermos o risco de ouvir a voz de Deus. Sim exatamente um risco, pois escutar tal voz exige de nós um posicionamento, uma radicalidade, um sair de si, e isso é difícil, as vezes dolorido, mas é o que é preciso.
“Não nos ardia o coração quando Ele nos falava pelo caminho”, foram essas as palavras dos discípulos de Emaús, quando deram por si, quando perceberam e acolheram o Cristo. E assim acontece aos sábios e entendidos, eles sentem o coração arder, mas não são capazes de definir, de perceber e de acolher o porquê de tudo isso. Afinal estão ocupados em defender as leis, as regras, em dizer o que pode ou não pode, ocupados com as aparências, com as flores, com as velas, com a estética, com o texto bem redigido, bem proclamado, com as roupas impecáveis, com as louças, com os cristais, com isso, com aquilo...e ?!?! Quando dão por si, olham para trás, percebem que acabou. E o que ficou? Absolutamente nada.
Por isso precisamos aprender dos pequeninos, para que também nós façamos a experiência deles, que sentem o coração arder e sabem definir o motivo de tal ardume, não ficam na superficialidade, vão além, sobressaem aos sábios e doutores, que por si só mutilam constantemente a oportunidade que Deus lhes dá de fazerem a experiência do Cristo pela fé.
É preciso um abandono total as mãos de Deus, uma confiança sem precedentes...um agir no agir do Cristo, uma experiência feita a de Paulo, “não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim”! Atentemo-nos, pois, aos sábios e entendidos, são escondidas as coisas, e aos pequenos, são reveladas, pois possuem abertura de coração, abrem-se a ação do Espírito e compreendem que não pode gloriar-se o  machado, em detrimento do lenhador que com ele corta!

terça-feira, 12 de julho de 2016

Lectio Divina - Terça-feira da 15ª Semana do Tempo Comum

Envoltos pela Palavra de Deus o convite a atentarmo-nos as nossas atitudes e práticas cotidianas durante essa semana, bem como no delinear de nossa vida, torna-se ainda mais necessário quando somos convidados à experiência da confiança em Deus.
Uma experiência que nos faz abandonar as falsas alianças que fazemos e que aparentemente nos circunda de uma vã segurança, tal como nos ensina a liturgia de hoje, quando Acaz pretendia aliar-se à Assíria e fora interceptado pelo profeta Isaías que insistiu que fizesse aliança com Deus, por meio de uma segurança que garantiria a vitória, do contrário, estaria ele usurpando o lugar de Deus.
O Evangelista nos convida a adentrarmos numa profunda reflexão de quem são nos dias de hoje as cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Um convite que ressoa vibrante em nosso coração, pois talvez sejamos nós estes que acolhem num primeiro momento a Palavra do Cristo e seguidamente cospem como pigarro por ser um convite radical a conversão, que obrigatoriamente nos faz abandonar as práticas existentes em nossa vida que nos afastam do amor e da misericórdia de Deus.
Que não sejamos Corazim, Betsaida e Cafarnaum que rejeitam e bloqueiam a ação do Santo Espírito, mas sejamos tal como Tiro, Sidon e Sodoma que se colocam na disposição à acolhida da Palavra e à conversão, conscientes da necessidade de sermos salvos.
A atitude de Isaías nos abarca da certeza de que a fé é a única garantia de estabilidade, não há outra atitude, é a fé que alarga horizonte e nos dá a tranquilidade e a certeza da salvação. O convite é claro e evidente, confiemos incessantemente em Deus, afinal nossa vida e vivência cristã não existem sem a fé que nos conduz ao amor.
Reconheçamos a obra do Espírito Santo e nos abandonemos às mãos do Criador, reconhecimento este, que nos abre uma constante alegria, mesmo quando nos deparamos com as dificuldades que a vida nos apresenta.  

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Lectio Divina - Segunda- Feira - 15ª Semana do Tempo Comum

Depois de saborearmos uma das mais belas páginas do Evangelho com a passagem do Bom Samaritano neste 15º domingo do tempo comum nos deparamos com a liturgia desta semana que nos chama a atenção às nossas praticas enquanto cristãos. 
O profeta Isaías no exercício de sua ação profética nos exorta da importância dessas praticas, para que as nossas mãos não estejam manchadas pelo sangue de homicídios, para que não nos ocupemos e tão pouco deixemos nos envolver por ritualismos desvairados, vazios e torpes que nos encaminham para a injustiça. Não se pode glorificar a Deus e pisar nos pobres e oprimidos, fingindo que não existem. E não pisar nestes que são marginalizados pela nossa ganância é atentar-se as exigências radicais da missão, que o evangelista Mateus nos narra no Evangelho de hoje. 
Nada pode impedir que os nossos passos sejam dados no seguimento do Cristo, nenhum obstáculo é maior que a misericórdia de Deus, mesmo que, para que esses passos sejam formalizados, precisemos passar pela experiência de rupturas e sofrimentos, ainda sim, é preciso caminhar, é preciso assumir a missão e seguir com a cruz de cada dia.