quinta-feira, 21 de julho de 2016

Procurando: Fonte de água viva, ou cisternas defeituosas?

Duras palavras hoje nos reserva a liturgia, e claro nos proporciona uma oportunidade ímpar de se envolver com os planos de Deus, sobretudo na perspectiva de escuta e acolhida, entrega e doação, confiança e abandono, ações, que nos últimos dias tem sido, incessantemente, trazidas ao nosso coração.
O profeta Jeremias tendo acolhido a vontade de Deus é chamado a anunciar e denunciar, tal como quisera os desígnios de Deus, sua vontade, suas palavras e sua recordação. Vejamos que Deus recorda, pela boca do profeta, aquilo que fora o início da viagem da libertação pelo deserto, como se registrasse a beleza do que fora vivido, para compreendermos ainda melhor, pensemos nos dias de hoje o tempo do noivado de muitos casais, ou ainda, os primeiros anos de matrimônio, uma experiência rica e de amor “aparentemente” infindável, todavia o decorrer dos anos leva-os a derradeira atitude de cavar cisternas defeituosas, o que era lindo se torna um verdadeiro horror, um deserto sem nenhum tipo de fonte de água. Assim é a vida de todos nós que, pela liberdade, escolhemos nos afastar de Deus, o deixamos de lado, um brinquedo em nossas mãos, que ora participa da brincadeira de nossa vida e ora é simplesmente deixado de lado. Como era bonito o amor de Deus para com seu povo, um amor de misericórdia que não cessava de dar recompensas, concede terra nova, uma nova vida, uma nova chance. Que pela boca dos profetas busca exortar o seu povo, e hoje a cada um de nós, para que voltemos o olhar a Ele, tal como no primeiro encontro, convidando-nos a uma experiência de fé sem precedentes; ele jamais desistiu de nós, somos nós que desistimos Dele.
E nossa atitude de desistência se mostra pelo nosso coração insensível que é incapaz de compreender os ensinamentos de Jesus, porque ouvimos com má vontade e fechamos nossos olhos, e dessa forma nosso coração, já infestado por tamanha podridão, se torna incapaz de adentrar a todo e qualquer mistério, se fecha a cura e a conversão. Quem se abre na inteireza de seu ser e de sua existência consegue compreender as parábolas do Mestre; agora quem se deixar envolver pela mesquinhez, pela soberba e pela solidão de uma vida, não é capaz de escutar a voz de Deus.
Atentemo-nos de que maneira estamos acolhendo a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus, como temos formado comunidade e como têm sido os nossos encontros com os pequeninos do Reino, pois temos, ainda que superficialmente, a noção de quem seja a fonte de água viva em nossa vida, o que não da para entender é o porquê preferimos cavar cisternas, buscar a lama, tornando-nos surdos e mudos, indiferentes ao amor misericordioso do Pai. Para quem muito foi dado, muito será cobrado, por isso, na liberdade de nossa escolha, saibamos dar a resposta de um verdadeiro consagrado, não pendurando no corpo apetrechos que simbolizem tal consagração, mas carregando no coração a marca da salvação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário