sexta-feira, 22 de julho de 2016

Onde está o meu Senhor? “Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova [...] Tu estavas dentro de mim e eu fora" Flor de Magdala - "Maria"!

A liturgia de hoje nos da à singela oportunidade de olhar para a figura de uma mulher de fé “invejável”, e assim perpassar toda sua experiência com o Ressuscitado, adentrar ao seu encontro existencial que modificou sua vida e transformou seu agir.
A começar pelo Livro do Cântico dos Cânticos e salteando o Evangelho de João, podemos perceber florescer nessas páginas da Sagrada Escritura as mais belas flores como os mais diversos cheiros que perscruta nossa caminhada e nos convida a refletir, a meditar o Amor que cura e liberta por excelência.
No Cântico dos Cânticos percebemos que para encontrar o sentido em nossa vida é preciso percorrer o caminho, percorrer toda nossa existência, passar pelos “guardas” que estão nesse caminho, reconhece-los, identifica-los e trabalhar com cada um deles para que não nos impeçam de encontrar o amor de nossa vida – Deus; é preciso passar pela mesma experiência de Santo Agostinho: “Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! […] Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio. Tu estavas dentro de mim e eu fora [...] . Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…”
Fora justamente essa experiência que Maria Madalena fizera, ao encontrar o Cristo, muda sua vida, e passa a percorrer o caminho junto a Ele, até sua morte de Cruz, e como se já não bastasse volta ao túmulo de madrugada, como sentinela, inquieta, confusa, envolta das trevas da morte, mas com a luz da fé no coração. Percebe que a pedra tinha sido retirada, não entendia, apenas chorava, provavelmente buscando respostas, que logo viera, como flores a alegrar um jardim ou decorar um ambiente.
E que interessante perceber a figura de Jesus num primeiro momento como Jardineiro, porque no exercício da função, cuida das flores, revigora, da vida nova, mata a sede, e é exatamente assim, que Deus, no Cristo Ressuscitado, quer cuidar de nós como flores em seu jardim, consciente de que a beleza da flor ou da planta não esta somente no vicejo de suas folhagens e folhas, mas na raiz que sustenta.
Nesse cuidado é que ao ser interpelado, o tal Jardineiro, docilmente responde com a existência daquela mulher - “Maria” – e assim a faz num instante de segundo, olhar para dentro de si mesma e encontrar o seu Senhor. É nesse encontro, de cunho existencial, que a mulher de Magdala reconhece o Mestre e cumpre o que é de responsabilidade dela; anunciar as maravilhas de Deus a todos e em todos os lugares, sem medo, com coragem e astúcia.
É assim que Deus nos chama hoje e nos quer – como discípulos missionários – e o faz chamando-nos pelo nosso nome e convidando-nos ao encontro com a inteireza de nossa existência. Que a exemplo de Santa Maria Madalena abramo-nos a tal experiência e deixemos que o Cristo, jardineiro de nossa caminhada, regue-nos com seu amor e com sua misericórdia.

“A minh’alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água” (Sl 62, 2b)

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